sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Lampião Atômico Burnot, a síndrome da estafa profissional

Lampião Atômico
Burnot, a síndrome da estafa profissional

Se você não tem prazer no trabalho, tem dores nas costas, no pescoço e na coluna, lapsos de memória, sensação de perseguição, picos de hipertensão, alergia, insônia, sensações de pane, exaustão física e emocional, está constantemente agressivo e irritado, cuidado! Você pode estar sendo vítima da síndrome de burnout, um quadro comumente confundido com estresse.
Expressão originalmente usada em 1940 para se referir ao colapso dos motores dos jatos e dos foguetes, foi transportada pelo psiquiatra inglês Herbert Freudenberger em 1973, para a área da saúde, com o objetivo de designar a manifestação mais apurada do estresse. Freudenberger começou a observar o intenso desgaste físico e emocional dos profissionais que trabalhavam na recuperação de dependentes químicos. Para ele o burnout é resultado de esgotamento, decepção e perda de interesse pela atividade profissional daqueles que trabalham em contato direto com pessoas. Também denominada como síndrome da estafa profissional, burnout foi introjetado por Freudenberger para descrever um sentimento de fracasso e exaustão causado por um excessivo desgaste de energia.
Pode-se definir síndrome de burnout como um tipo de estresse ocupacional que se manifesta mais frequentemente entre profissionais cuja atuação envolve relação constante com outras pessoas. O estresse comum é um esgotamento pessoal que interfere na vida do ser humano sem, necessariamente, estar relacionado ao trabalho do indivíduo, o que o diferencia da síndrome de burnout, que inclui atitudes negativas em relação a clientes e trabalho. O indivíduo com esse tipo de estresse apresenta exaustão física e emocional, geralmente se comportando de forma agressiva e irritada. Essa síndrome caracteriza-se, também, por avaliação negativa de si mesmo, depressão, apatia e insensibilidade em relação a quase tudo e todos.
Garcia Montalvo e Garcés De Los Fayos (1996) caracterizam o aparecimento de Burnout em três dimensões: esgotamento emocional, despersonalização e baixa auto-estima. Concebido como o traço inicial da síndrome, a exaustão emocional representa o esgotamento dos recursos emocionais do indivíduo. Considerado como um aspecto fundamental para caracterizar a síndrome de burnout, a despersonalização é caracterizada pela insensibilidade emocional do profissional, que passa a tratar clientes e colegas como objetos. Por fim, a baixa auto-estima ou o sentimento de incompetência demonstra uma auto-avaliação negativa. Os primeiros sentimentos negativos são direcionados aos clientes e colegas de trabalho e posteriormente atingindo amigos e familiares e, por último, a própria pessoa.
As características de personalidade são cruciais para facilitar a instalação da estafa profissional. O idealismo e os sentimentos altruístas levam os profissionais a adentrarem nos problemas dos usuários e convertem em uma questão pessoal para solução dos problemas. O indivíduo se sente culpado pelas falhas, tanto próprias como alheias, o qual resulta em baixos sentimentos de realização. Vários estudos indicam que quando as relações interpessoais são tensas, conflitantes e duradouras, há a tendência de aumentar os sentimentos de burnout.
Na síndrome da estafa profissional o indivíduo pode tornar-se exausto em função de um excessivo esforço que faz para responder às constantes exigências de energia, força ou recursos, afetando diretamente a sua qualidade de vida pessoal e profissional. Faz-se necessária atenção para os primeiros sintomas como forma de prevenção a essa patologia. Para Lautert, a instalação da síndrome de burnout ocorre de maneira lenta e gradual, acometendo o indivíduo progressivamente. Gil-Monte considera que, no primeiro momento, o indivíduo percebe a evidência de uma tensão, o stress. No segundo momento, aparecem sintomas de fadiga e esgotamento emocional, concomitantemente a um aumento do nível de ansiedade e, finalmente, o indivíduo desenvolve estratégias de defesa inadequadas que incluem indiferença e distanciamento emocional.
Para Mário Eduardo Pereira, coordenador do Laboratório de Psicopatologia Fundamental do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, a melhor forma de lidar com o burnout é saber administrar o tempo. Faz-se necessário também revisar as suas atitudes estressantes no trabalho, perceber seus limites, ser mais objetivo e flexibilizar-se, pois a síndrome de burnout tem como alvo os inflexíveis e os perfeccionistas de modo geral.

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